Administração prolongada de morfina intratecal por bomba de infusão implantada, em caso de dor crônica não oncológica

  • Santiago Ayala
  • Javier Pietropinto
  • Walter Ayala
Palavras-chave: opióide intratecal, morfina intrateca, bomba intratecal, Dor não cancerosa

Resumo

Introdução: Descreve-se a evolução de um paciente que recebeu
morfina intratecal através de uma bomba de infusão, implantada há
14 anos para o tratamento de lombalgia crônica pós-laminectomia.
Material e método: Necessitou de administração de 60 mg/dia
de morfina por via subcutânea, que provocou efeitos colaterais
intolerantes, e múltiplas internações para controle da dor. Foi
implantada uma bomba de infusão contínua (Isomed) conectada
a um cateter subaracnóideo, que libera 1 ml/dia, necessitando de
reenchimento a cada 60 dias.
Resultados: Observou-se redução média da dor de 50% em um
ano e 75% em 6 e 14 anos. Foi necessário um aumento progressivo
das doses de enchimento, que passaram de 30 mg de morfina (0,5
mg/dia) no início, para 40 mg de morfina (0,66 mg/dia) por ano, para
70 mg de morfina (1,16 mg/dia) dia) aos 6 anos, para 140 mg (2,33
mg/dia) aos 14 anos. Não foram registradas complicações médicas
graves. Manteve constipação e sudorese durante todo o período e
desenvolveu hipogonadismo secundário com distúrbios de libido
e ereção que foram corrigidos com administração de testosterona.
Ele não necessitou de mais hospitalizações por dor. Não foram
observadas complicações relacionadas à operação ou enchimento
da bomba, ou relacionadas ao cateter. O paciente afirmou estar
satisfeito com o implante.
Discussão: Apesar do aumento das doses de enchimento,
expressão do desenvolvimento da tolerância, as doses necessárias
de morfina/dia são francamente inferiores ao limite recomendado.
Conclusões: A relação risco-benefício do implante foi positiva,
considerando o melhor controle da dor alcançado, as menores
doses de morfina utilizadas, bem como a ausência de complicações graves e internações para controle da dor

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

(1) Trescot A, Glaser SE, Hansen H, Benyamin R, Patel S, Mnchikanti L. Effectiveness of opioids in the treatment on non-cancer pain. Pain Physician 2008; 11(2 Suppl): S181-200.
(2) Deer TR, Pope JE, Hayek SM, Lamer TJ, Veizi IE, Erdek M, et al. The Polyanalgesic Consensus Conference (PACC): Recommendations for Intrathecal Drug Delivery: Guidance for Improving Safety and Mitigating Risks. Neuromodulation 2017; 20 (2): 155-176.
(3) Chalil A, Staudt MD, Harland TA, Leimer EM, Bhullar R, Argoff CE. A safety review of approved intrathecal analgesics for chronic pain management. Expert Opin Drug Saf 2021; 20 (4): 439-451. Doi: 10.1080/14740338.2021.1889513.
(4) Sommer B, Karageorgos N, AlSharif M, Stubbe H, Hans FJ. Long-term Outcome and Adverse Events of Intrathecal Opioid Therapy for Nonmalignant Pain Syndrome. Pain Pract 2020; 20 (1): 8-15.
(5) Kleinmann B, Wolter T. Intrathecal Opioid Therapy for Non-Malignant Chronic Pain: A log-Term Perspective. Neuromodulation 2017; 20(7): 719-726.
(6) Duarte RV, Raphael JH, Sparkes E, Southall JL, LeMarchand K, Ashford RL. Long-term intrathecal drug administration for chronic nonmalignant pain. J Neurosurg Anesthesiol 2012; 24: 63-70.
(7) Santiago Ayala, Javier Pietropinto, Walter Ayala. Analgesia con morfina intratecal por bomba de infusión implantada en un caso de dolor crónico no oncológico. Anest Analg Reanim 2013; 26(2): 4-10.
(8) Deer TR, Pope JE, Hayek SM, Bux A, Buchser E, Eldabe S, et al. The Polyanalgesic Consensus Conference (PACC): Recommendations on Intrathecal Drug Infusion Systems Best Practices and Guidelines. Neuromodulation 2017; 20(2): 96-132.
(9) Winkelmuller M, Winkelmuller W. Long-term effects of continuous intrathecal opioid treatment in chronic pain of non-malignant etiology. J Neurosurg 1996; 85: 458-467.
(10) Santiago Ayala, Ana Pena, Javier Pietropinto, Walter Ayala. Hipogonadismo en paciente tratado con morfina intratecal por bomba de infusión implantada. Anest Analg Reanim 2013; 26(2): 12-18.
(11) Abs R, Verhelst J, Maeyaert J, Van Buyten JP, Opsomer F, Adriaensen H, et al. Endocrine consequences of long-term intrathecal administration of opiods. J Clin Endocrinol Metab 2000; 85(6): 2215-2222.
(12) Duarte RV, Raphael JH, Labib M, Southall JL, Ashford RL. Prevalence and influence of diagnostic criteria in the assessment of hypogonadism in intrathecal opioid therapy patients. Pain Physician 2013; 16: 9-14.
(13) Kim AJ, Basu S, Glass C, Ross EL, Agar N, He Q, et al. . Unique Intradural Inflammatory Mass Containing Precipitated Morphine. Confirmatory Analysis by LESA-MS and MALDI-MS. Pain Pract 2018; 18(7): 889-894.
(14) Aldrete JA, Couto Da Silva JM. Leg edema from intrathecal opiate infusions. Eur J Pain 2000; 4(4): 361-365.
(15) Hu K, Connelly NR, Vieira P. Withdrawal symptoms in a patient receiving intrathecal morphine via an infusion pump. J Clin Anesth 2002; 14(8): 595-597.
Publicado
2022-03-29
Como Citar
Ayala, S., Pietropinto, J., & Ayala, W. (2022). Administração prolongada de morfina intratecal por bomba de infusão implantada, em caso de dor crônica não oncológica. Anales De La Facultad De Medicina, 9(1). https://doi.org/10.25184/anfamed2022v9n1a4