Administração prolongada de morfina intratecal por bomba de infusão implantada, em caso de dor crônica não oncológica
Resumo
Introdução: Descreve-se a evolução de um paciente que recebeu
morfina intratecal através de uma bomba de infusão, implantada há
14 anos para o tratamento de lombalgia crônica pós-laminectomia.
Material e método: Necessitou de administração de 60 mg/dia
de morfina por via subcutânea, que provocou efeitos colaterais
intolerantes, e múltiplas internações para controle da dor. Foi
implantada uma bomba de infusão contínua (Isomed) conectada
a um cateter subaracnóideo, que libera 1 ml/dia, necessitando de
reenchimento a cada 60 dias.
Resultados: Observou-se redução média da dor de 50% em um
ano e 75% em 6 e 14 anos. Foi necessário um aumento progressivo
das doses de enchimento, que passaram de 30 mg de morfina (0,5
mg/dia) no início, para 40 mg de morfina (0,66 mg/dia) por ano, para
70 mg de morfina (1,16 mg/dia) dia) aos 6 anos, para 140 mg (2,33
mg/dia) aos 14 anos. Não foram registradas complicações médicas
graves. Manteve constipação e sudorese durante todo o período e
desenvolveu hipogonadismo secundário com distúrbios de libido
e ereção que foram corrigidos com administração de testosterona.
Ele não necessitou de mais hospitalizações por dor. Não foram
observadas complicações relacionadas à operação ou enchimento
da bomba, ou relacionadas ao cateter. O paciente afirmou estar
satisfeito com o implante.
Discussão: Apesar do aumento das doses de enchimento,
expressão do desenvolvimento da tolerância, as doses necessárias
de morfina/dia são francamente inferiores ao limite recomendado.
Conclusões: A relação risco-benefício do implante foi positiva,
considerando o melhor controle da dor alcançado, as menores
doses de morfina utilizadas, bem como a ausência de complicações graves e internações para controle da dor
Downloads
Referências
(2) Deer TR, Pope JE, Hayek SM, Lamer TJ, Veizi IE, Erdek M, et al. The Polyanalgesic Consensus Conference (PACC): Recommendations for Intrathecal Drug Delivery: Guidance for Improving Safety and Mitigating Risks. Neuromodulation 2017; 20 (2): 155-176.
(3) Chalil A, Staudt MD, Harland TA, Leimer EM, Bhullar R, Argoff CE. A safety review of approved intrathecal analgesics for chronic pain management. Expert Opin Drug Saf 2021; 20 (4): 439-451. Doi: 10.1080/14740338.2021.1889513.
(4) Sommer B, Karageorgos N, AlSharif M, Stubbe H, Hans FJ. Long-term Outcome and Adverse Events of Intrathecal Opioid Therapy for Nonmalignant Pain Syndrome. Pain Pract 2020; 20 (1): 8-15.
(5) Kleinmann B, Wolter T. Intrathecal Opioid Therapy for Non-Malignant Chronic Pain: A log-Term Perspective. Neuromodulation 2017; 20(7): 719-726.
(6) Duarte RV, Raphael JH, Sparkes E, Southall JL, LeMarchand K, Ashford RL. Long-term intrathecal drug administration for chronic nonmalignant pain. J Neurosurg Anesthesiol 2012; 24: 63-70.
(7) Santiago Ayala, Javier Pietropinto, Walter Ayala. Analgesia con morfina intratecal por bomba de infusión implantada en un caso de dolor crónico no oncológico. Anest Analg Reanim 2013; 26(2): 4-10.
(8) Deer TR, Pope JE, Hayek SM, Bux A, Buchser E, Eldabe S, et al. The Polyanalgesic Consensus Conference (PACC): Recommendations on Intrathecal Drug Infusion Systems Best Practices and Guidelines. Neuromodulation 2017; 20(2): 96-132.
(9) Winkelmuller M, Winkelmuller W. Long-term effects of continuous intrathecal opioid treatment in chronic pain of non-malignant etiology. J Neurosurg 1996; 85: 458-467.
(10) Santiago Ayala, Ana Pena, Javier Pietropinto, Walter Ayala. Hipogonadismo en paciente tratado con morfina intratecal por bomba de infusión implantada. Anest Analg Reanim 2013; 26(2): 12-18.
(11) Abs R, Verhelst J, Maeyaert J, Van Buyten JP, Opsomer F, Adriaensen H, et al. Endocrine consequences of long-term intrathecal administration of opiods. J Clin Endocrinol Metab 2000; 85(6): 2215-2222.
(12) Duarte RV, Raphael JH, Labib M, Southall JL, Ashford RL. Prevalence and influence of diagnostic criteria in the assessment of hypogonadism in intrathecal opioid therapy patients. Pain Physician 2013; 16: 9-14.
(13) Kim AJ, Basu S, Glass C, Ross EL, Agar N, He Q, et al. . Unique Intradural Inflammatory Mass Containing Precipitated Morphine. Confirmatory Analysis by LESA-MS and MALDI-MS. Pain Pract 2018; 18(7): 889-894.
(14) Aldrete JA, Couto Da Silva JM. Leg edema from intrathecal opiate infusions. Eur J Pain 2000; 4(4): 361-365.
(15) Hu K, Connelly NR, Vieira P. Withdrawal symptoms in a patient receiving intrathecal morphine via an infusion pump. J Clin Anesth 2002; 14(8): 595-597.
Copyright (c) 2022 Santiago Ayala

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores mantêm seus direitos autorais e cedem à revista o direito de primeira publicação de seu trabalho, que estará simultaneamente sujeito à Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. que permite a partilha do trabalho desde que seja indicada a publicação inicial nesta revista.