AS CASAS DE TAIPA NA REGIÃO DE LUMIAR: O BARRO CULTURAL NA ARQUITETURA VERNÁCULA E COMO PIGMENTO PICTÓRICO NAS CONSTRUÇÕES DAS OBRAS DE ARTE
Resumen
A comunicação que pretendo apresentar é uma tentativa de construir um percurso a partir do barro cultural como elemento aglutinador da estrutura aparente das minhas obras de arte e da pesquisa sobre casas de taipa. As imagens desta apresentação não são meras ilustrações, são textos imagéticos independentes e complementares ao meu discurso no qual o leitor poderá ler as imagens e imergir nos ambientes em que a pesquisa foi realizada. Pretendo que a experiência dessa leitura imagética leve o leitor à construção do espaço, que faça sentir e dar sentido aos ambientes. Desta maneira, o leitor conquista a oportunidade de conhecer personagens, casas, nuances do lugar, assim como são, as imagens que falam das transformações, deformações pela ação do tempo. Foucault (2002) ilustra com precisão o meu pensamento em relação à imagem/palavra: Não que a palavra seja imperfeita e esteja em face do visível num déficit que em vão se esforçaria por recuperar. São irredutíveis uma ao outro: por mais que se diga o que se vê não se aloja jamais no que se diz, e por mais que se faça ver o que se está dizendo por imagens, metáforas, comparações, o lugar onde estas resplandecem não é aquele que os olhos descortinam, mas aqueles que as sucessões da sintaxe definem1. Vocês verão imagens referentes às minhas poéticas. Pretendo perceber as similitudes do pigmento natural nas casas e nas obras e a relação com o espaço. A trajetória da obra em si e o processo de construção e desconstrução das casas. Essas casas encontram-se em Lumiar, 5º Distrito de Nova Friburgo no Estado do Rio de Janeiro, onde a pesquisa foi realizada. Para Tuan (1974), lugar é uma “pausa no movimento” – o movimento de busca de um lugar termina quando o encontramos. A pausa poderá ser o encontro com o lugar, mas dentro dos lugares existem outros lugares, outras pausas, com significados próprios. O lugar “implica uma atribuição de significado eminentemente referenciado no indivíduo” (Tuan, 1974), portanto, para o caminhante que se identifica com o lugar, existem pormenores distintos entre si dentro do próprio lugar que irão revelar visualidades diferentes, porém, com certas similitudes. O lugar, e assim o devo chamar por ser singular, os habitantes, naturalmente estão investidos de sentido no fazer cotidiano, que facilita a leitura dos observadores externos a este lugar, quer seja na paisagem, quer seja nos habitantes e na cultura. Portanto, existe também a relação entre os construtores da paisagem do lugar. Segundo Sauer (1998), os fatos do lugar são que irão contextualizar os fatos geográficos que, associados, dão o conceito de paisagem. O estudo de qualquer espaço onde habitam pessoas tende a resultar nos somatórios da ação do cotidiano dos indivíduos e do coletivo, relacionado à análise dos sentimentos e idéias espaciais das pessoas e grupos de pessoas. Um complexo de idéias que serão somatórias das experiências que irão resultar em diferenciais com sentidos que tem características próprias.