OS COLONOS E A ARQUITECTURA DE ADOBE EM PORTUGAL
Resumen
As colónias agrícolas em Portugal foram exemplos de povoamento nos séculos XIX-XX em regiões que se encontravam desabitadas por motivos de salubridade e propriedade. Este povoamento espontâneo numa primeira fase e planeado numa segunda caracterizou-se pela construção em adobe e pela relação equilibrada entre a paisagem e a arquitectura. De entre os casos conhecidos sobressaem as Gafanhas, no concelho de Ílhavo (região centro litoral oeste) e os Foros, nos concelhos da Moita, Montijo e Vendas Novas (região sudoeste na margem sul do rio Tejo). As casas da Gafanha e as casas Foreiras são exemplos de tipos arquitectónicos construídos em adobe, associados a povoamento espontâneo e regulamentado, que deram origem a um território de pequena propriedade agrícola extremamente equilibrado. As colónias agrícolas da Gafanha e Pegões (Vendas Novas) foram projecto do Estado nos anos quarenta. Um projecto planificado, desenhado e com modelos de casas da autoria de arquitectos. Nestes modelos arquitectónicos o material adobe desapareceu e foi substituído pelo tijolo furado. Pretendia assim o Estado diferenciar socialmente estas novas colónias das anteriores, mais “pobres” e em adobe. O objectivo da comunicação é mostrar as diferenças entre estes tipos de povoamento, a sua evolução, o estado de conservação em que hoje se encontram e as perspectivas futuras. A comunicação focará ainda a incorrecta ideia que o Estado Português tinha da arquitectura em adobe, resignada à habitação pobre e frágil, quando toda a história da arquitectura e construção em Portugal provavam exactamente o contrário.