O PRECONCEITO NA CONSTRUÇÃO COM TERRA: O USO DA TAIPA DE MÃO NO CONJUNTO PARQUE WALL FERRAZ, EM TERESINA, PIAUÍ, BRASIL
Resumen
A arquitetura de terra, caracterizada por diversas técnicas construtivas, vem sendo usada há milênios. Neste contexto, a ausência de tecnologia sofisticada para a construção forçou os primeiros construtores da terra a fazerem adaptações em materiais encontrados na própria natureza, erguendo construções ousadas, que envolviam o uso da matemática, da astronomia e dos aspectos climáticos naturais. As técnicas de construção com terra mais usadas no Brasil foram a taipa de pilão, o adobe e a taipa de mão. Bastante utilizadas durante o período colonial foram esquecidas e abandonadas, após a chegada dos novos materiais, ficando restritas às aulas de história da arquitetura e consideradas ultrapassadas e sem durabilidade. Em Teresina, capital do Estado do Piauí, é comum o uso de construções com taipa de mão, associadas a processos sociais transitórios, mas realizadas sem os devidos cuidados técnicos, resultando em construções precárias. O Conjunto Habitacional Parque Wall Ferraz, localizado na zona Norte de Teresina, datado de 1996, foi construído inicialmente com taipa de mão, por meio do “kit taipa”, financiado pela Prefeitura Municipal de Teresina, composto por madeira roliça e telha cerâmica. Hoje, quase a totalidade das casas foi substituída por construções em alvenaria cerâmica. Neste trabalho procurou-se identificar as razões pela rejeição do uso das técnicas construtivas de terra, tendo como enfoque o conjunto Parque Wall Ferraz. Foram realizadas entrevistas e aplicados questionários aos moradores do conjunto, enfocando aspectos relativos ao processo construtivo, identificação da opinião dos moradores sobre este tipo de construção. A falta de resistência foi apontada como o maior problema das casas de terra, alegando que não suportavam as chuvas do inverno, necessitando, ainda, de reparos constantes. Mas ao serem apresentadas fotos de casas de terra construídas corretamente, afirmaram que voltariam a morar em casas construídas com este material, mostrando o desconhecimento do potencial da arquitetura de terra.