A TÉCNICA DO PAU A PIQUE: LIMITES E POSSIBILIDADES
Resumen
A técnica do pau a pique destaca-se por sua presença em todo o território brasileiro e representa um imaginário atual carregado de preconceitos sistematicamente alimentados ao longo do tempo, relacionado a um passado repleto de mazelas atribuídas erroneamente a um modo de construir. Este
imaginário faz com que ela seja na atualidade rechaçada ou empregada de forma precária. Pretendese com este artigo, portanto, trazer contribuições à discussão sobre esta técnica que, uma vez livre dos preconceitos que a rodeiam por meio do conhecimento de suas características intrínsecas, possa vir a
ser reconhecida por sua versatilidade e explorada com toda a sua potência na arquitetura contemporânea. Para tanto, o emprego da técnica foi situado historicamente por meio da compilação de relatos de exploradores que percorreram o país nos séculos XIX e XX; do percurso narrativo ao redor do uso da técnica nos últimos séculos, desde os discursos difamatórios que a atrelaram ao atraso, disseminados no bojo da crescente industrialização e urbanização das cidades brasileiras, até as iniciativas de resgate e valorização que surgem em meio às discussões do desenvolvimento sustentável, com posturas que foram desde a busca pelo aperfeiçoamento para uso como solução de problemáticas habitacionais, ao recente advento dos grupos ditos alternativos de "bioconstrução"; para, enfim, sugerir formas racionais de empregá-la na arquitetura contemporânea. Por meio deste artigo, espera-se trazer uma modesta contribuição ao conhecimento sobre a técnica do pau a pique, considerada pelos autores a mais versátil entre as técnicas de construção com terra, e por isso
potencialmente capaz de representar transformações importantes desde que assumido o compromisso de sua valorização, uso racional e aperfeiçoamento.