Apontamentos para uma história da substituição das técnicas construtivas com terra pelo tijolo cerâmico
Resumen
Entre os praticantes e defensores da arquitetura de terra frequentemente se escuta dizer que a indústria do cimento foi a grande responsável pelo abandono das técnicas construtivas com terra. Este artigo demonstra que não foi especificamente assim o que aconteceu no Brasil. Neste país, o abandono das técnicas tradicionais de construção está diretamente associado ao uso do tijolo cerâmico assentado com argamassa de terra ou de cal e areia. O objetivo do trabalho é exemplificar, sistematizar e analisar o processo histórico das primeiras utilizações do tijolo cerâmico nas construções brasileiras com especial destaque para as que utilizaram argamassa de terra. A pesquisa desenvolveu-se a partir de três fontes primárias: documental, registro de construções existentes e história oral, que se complementaram múltipla e dialeticamente inclusive com a revisão da literatura. As fontes documentais foram os antigos manuais de construção e registros sobre as construções em arquivos úblicos. O registro das construções fez-se por visitas aos locais utilizando fotografias e croquis. Para o registro da história oral utilizou-se a metodologia própria da área. Como fonte secundária utilizou-se a bibliografia científica no tema que permitiu alcançar os objetivos propostos. Como principais justificativas para o desenvolvimento da pesquisa pode-se mencionar a contribuição da história da construção brasileira, desmistificando a ideia de que foram o lobby e as estratégias de marketing da indústria cimenteira os responsáveis pela decadência da terra como material de construção. Os registros históricos mostram que as técnicas construtivas utilizando a terra foram substituídas fundamentalmente pelo uso do tijolo cerâmico. As indústrias cimenteiras atuaram muito depois na substituição do uso da cal pelo cimento e no uso do concreto armado como estrutura.