ARQUITETURA VERNÁCULA NO BRASIL. UM ESTUDO SOBRE TIPOLOGIA E SISTEMA CONSTRUTIVO NA ZONA RURAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Resumen

Percorrendo a zona rural do Estado de Minas Gerais, sudeste do Brasil, nos deparamos com uma arquitetura vernácula, construída com materiais extraídos de onde se obtinha o sustento daqueles que ela abrigava: seu entorno imediato. Estrutura, paredes, piso, teto, aberturas e telhado reverberam o lugar natural de onde foram gerados. Sua origem remonta à chegada dos colonizadores para a exploração de ouro e diamante no século XVIII e seu contato com os índios que já estavam ali, morando em aldeias construídas com paredes de pau-a-pique, cobertas de palha, as “tejupabas”. Ao longo das Estradas Reais, que serviam de rota para escoamento dos minerais preciosos, foram surgindo as vilas. Segundo Vasconcellos (1946) aquelas construções rústicas dos índios serão a base construtiva de toda a arquitetura colonial brasileira. A introdução da telha cerâmica e da sofisticação da carpintaria e revestimentos será trazida pelos portugueses. Terra, pedra, madeira e fibras vegetais serão as principais matériasprimas dessa arquitetura plenamente adequada ao clima tropical, quente ou ameno, com estações de chuvas bem marcadas. Dessa miscigenação resulta uma arquitetura que nasce da natureza mimetizando-se nela. E seu habitante também sofre as influências do lugar. Seus hábitos, sua linguagem e universo simbólico (cultura imaterial) serão configurados pela paisagem que o envolve. O ambiente natural e o domesticado vão se fundindo da mesma maneira que o homem a esse lugar. O objetivo desta comunicação é apresentar o trabalho de valorização desse patrimônio em realização na cidade de Mesquita, MG. Empreendemos num registro documental de exemplares significativos dessa arquitetura vernácula rural que adotam soluções estandardizadas, da casa modesta do trabalhador à sede de fazenda, espaçosa e avarandada. Simultaneamente realizamos uma experiência prática em arquitetura de terra, envolvendo a comunidade local e estudantes de arquitetura e engenharia ambiental da capital. Trata-se da construção de uma capela utilizando alvenarias em pau-a-pique e em taipa de solo-cimento. Utilizando técnicas tradicionais e contemporâneas, promovemos divulgação de conhecimento e capacitação de profissionais. Esperamos contribuir para a valorização deste patrimônio tradicional construído em terra crua e para a difusão da possibilidade do uso da terra com técnicas contemporâneas.