APROPRIAÇÃO COMO ELEMENTO ESSENCIAL NA REVITALIZAÇÃO DE MONUMENTOS HISTÓRICOS

Resumen

Fazer uma intervenção em um patrimônio histórico é uma tarefa muito delicada, pois é fundamental levar em consideração o passado daquele patrimônio (sua história, seu entorno) e também o presente (tempo real da intervenção) tendo em vista o futuro, já que as novas gerações terão acesso a essa herança transformada, e, dela farão uso. Sendo assim, intervir é fazer coincidir o que não se toca, é fazer encontrar passado, presente e futuro. O que marcou uma sociedade, um lugar, uma época pode novamente se fazer presente e esse é de fato o maior bem que se pode legar a um povo. O tema da valorização da apropriação da comunidade local ao bem cultural que sofreu um processo de intervenção é recente e vem sendo discutida como aspecto essencial para seu uso, sua preservação e sua perpetuação. O objetivo desse artigo é analisar dois casos de intervenção em prédios históricos: a Fábrica de Tecidos Santa Bárbara (Brasil) e o Forte de San Carlos Del Apa (Paraguai). O primeiro é uma edificação que apresenta sistema autônomo de madeira e vedação de adobe, e o segundo, alvenaria de pedra e terra. Pretende-se, por meio de uma análise comparativa, avaliar os processos de intervenção bem como os efeitos de apropriação pelas comunidades envolvidas. Serão abordados aspectos ligados ao patrimônio, à restauração, ao homem e à cultura. O propósito é mostrar que para a intervenção ser eficaz é preciso integrar o bem patrimonial à vida da comunidade à qual pertence, atingindo com isso a dimensão material e imaterial, trazendo sustentabilidade cultural baseada na legitimação social. Caso isso não ocorra, a restauração, e, sobretudo, a sua preservação, não terá êxito, ainda que o prédio esteja “pronto”.