TERRAS CORADAS EM PORTUGAL: Da fonte de matéria-prima à produção de pigmentos terra nacionais (sécs. XVIII ao XX)
Resumen
A Portugal é geologicamente rico em terras coradas que podem ser utilizadas para a produção de ocres e outros pigmentos terra. A sua localização, extracção e produção encontra-se registada em documentos históricos e técnicos que remontam pelo menos ao século XVIII, de que se destacam os relatórios feitos por naturalistas ligados à Academia das Ciências de Lisboa e os catálogos de Exposições Fabris Universais dos finais do final do século XIX e inícios do XX. Já do século XX, chegam os relatos dos processos de extracção de duas pedreiras de ocres e almagres e da produção de pigmentos terra, através dos testemunhos de dois proprietários de indústrias artesanais de terras “corantes” nacionais. Actualmente muito pouco se sabe sobre a origem de terras coradas em Portugal para uso das Artes e de pinturas de superfícies arquitectónicas. Esta temática parece ter passado (e assim permanece) desapercebida à maioria da bibliografia de arte especializada nacional e internacional, tendo sido apenas referida pelos tratadistas Plínio (I. d.C), Filipe Nunes (1615) e Francisco Pacheco (1649). O mesmo acontece em estudos mais recentes de geologia e de ciências dos solos que se encontram mais vocacionados para outras utilizações industriais. Com esta comunicação pretende-se dar a conhecer uma herança nacional pouco conhecida da maioria dos especialistas de Arte e da Conservação e Restauro, através do levantamento de documentos históricos e de relatos de testemunhos ainda vivos.