ESTRUTURAS EM TERRA NO MEGALITISMO PORTUGUÊS: UMA PERSPECTIVA HISTORIOGRÁFICA
Resumen
Durante os primeiros séculos da arqueologia portuguesa foi grande o interesse pelo estudo das origens através de monumentos e ruínas, mas só ao longo do século XIX se assiste ao crescente interesse pela pré-história numa perspectiva científica. Mais precisamente foi na segunda metade desse século que se registam os principais avanços metodológicos e interpretativos. Esta foi também uma fase, de grande interesse pelo megalitismo, em que a necessidade de traçar tipologias de monumentos leva a que se estudem todos os elementos construtivos do mesmo. Pela primeira vez os investigadores portugueses olham para além das monumentais câmaras pétreas e prestam atenção aos elementos em terra. Ao contrário de simples amontoados de terra, subsidiários de estruturas pétreas de grande porte, os tumuli passam a ser encarados como verdadeiras construções estruturadas, bastante mais complexas do ponto de vista arquitectónico, mas também simbólico, do que se supusera até esse momento. O principal objectivo da comunicação proposta é traçar a evolução das principais linhas de investigação arqueológica centradas nos elementos térreos que integram os monumentos tumulares e megalíticos (os tumuli). Esta análise incidirá na importância atribuída aos tumuli, ao longo das primeiras etapas da arqueologia portuguesa, até à segunda metade do séc. XIX. Concluindo com uma breve resenha dos avanços mais significativos das ultimas décadas nesta linha de investigação. Desta forma pretende-se alertar para a complexidade metodológica e interpretativa dos elementos em terra no património pré-histórico português, sistematicamente desvalorizados por comparação com os elementos pétreos.