LEGITIMAÇÃO DA PRECARIEDADE DA TAIPA DE MÃO NO BRASIL POR POLÍTICAS PÚBLICAS DE HABITAÇÃO RURAL, ENTRE OUTROS
Resumen
A taipa de mão rústica, de origem africana, amplamente utilizada no Nordeste na construção de moradias sem os devidos cuidados técnicos, é vítima de preconceito no cenário da habitação rural brasileira e vem sofrendo redução de seu uso ao longo dos anos. O objetivo deste artigo é demonstrar as relações existentes entre a queda dos números de domicílios construídos com paredes em taipa de mão não revestida nos últimos anos no Brasil e a legitimação, por políticas públicas de habitação rural de interesse social, do "habitus precário" que paira sobre essa técnica construtiva tradicional estabelecido desde a formação social do país. Para tanto através de pesquisa bibliográfica foram identificados os agentes existentes no cenário social rural brasileiro, especialmente no Nordeste, visando compreender a representatividade da taipa de mão rústica no mesmo e, através do acesso a páginas eletrônicas do Governo Federal ou de instituições específicas, foram investigados o conceito de déficit habitacional utilizado nacionalmente e seus números frente ao objeto de estudo, bem como as diretrizes de dois programas habitacionais de ação no cenário em questão. Os dados dos Censos Demográficos sobre domicílios construídos com paredes em taipa de mão não revestida foram levantados entre 1991 e 2010. Chegou-se à conclusão que a inexpressividade de ações informativas governamentais que valorizem técnicas construtivas locais e a atuação de programas habitacionais no meio rural terminam por fortalecer nos indivíduos uma rejeição à sua tradição construtiva e o desejo de adquirir moradia em materiais convencionais. Entre 1991 e 2010 há queda de aproximadamente 76% do número de domicílios rurais elaborados com paredes em taipa de mão não revestida.