DESEMPENHO TÉRMICO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE HABITAÇÃO CONVENCIONAL E DE TAIPA DE MÃO
Resumen
Os programas habitacionais no Brasil têm disseminado habitações de forma padronizada em toda extensão territorial, sem levar em consideração o clima e as peculiaridades culturais de cada região. O estado de Mato Grosso compreende três biomas: Cerrado, Pantanal e Amazônia Legal. Sendo estes distintos em suas características, o que justifica diversas formas de morar e de se relacionar com as moradias, observadas, principalmente, nas habitações vernáculas. Diante desse contexto, tem-se por objetivo analisar os pré-requisitos de conforto térmico e eficiência energética de uma habitação de interesse social (HIS) de construção convencional, construída pelo Programa Minha Casa Minha Vida, e de uma habitação vernácula tradicional construída em taipa de mão em uma comunidade remanescente de quilombo situada na zona bioclimática 7, a fim de se obter resultados plausíveis de comparação das propriedades termofísicas das edificações. Para tanto, a metodologia consistiu de, primeiramente, um levantamento dos materiais e sistemas construtivos das habitações em questão, e da análise suas propriedades frente aos pré-requisitos da norma brasileira NBR 15575 e do Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Residenciais. Em seguida, foram comparadas as propriedades termo físicas das envoltórias destas habitações. Constatou-se que a habitação vernácula apresenta melhor desempenho termoenergético, atingindo classificação “A” de eficiência para desempenho termoenergético da envoltória para o verão, enquanto que a HIS obteve a classificação “C”. Isto se deve ao fato de a habitação remanescente de quilombo apresentar características adequadas à zona bioclimática em que se insere. Assim, o presente trabalho possibilita o embasamento de um viés crítico acerca do atual modelo de HIS replicado ao longo do território nacional, demonstrando, por intermédio do resgate de técnicas consideradas remotas pelo imaginário popular, a possibilidade de adequação das habitações, contribuindo para com a sustentabilidade da indústria da construção civil, e promovendo moradias mais resilientes e menos impactantes ambientalmente.